Quando paro para olhar o cenário atual do trabalho em tecnologia, vejo um movimento quase inevitável: o open talent. Não é só uma buzzword. É a resposta de empresas que precisam se reinventar o tempo todo – principalmente em tecnologia, onde projetos, demandas e prioridades mudam em um piscar de olhos.
No início, confesso, achei que seria mais uma daquelas tendências passageiras. Depois de acompanhar de perto projetos em startups, scale-ups e consultorias, percebi que o open talent veio para ficar. Adotar esse conceito mudou drasticamente como estruturamos nossas equipes e desenhamos estratégias em capital humano aqui na Valora Lab.
O que não é flexível está ficando para trás.
O que é open talent, afinal?
Para mim, open talent significa acessar talentos de fora da empresa, de várias formas possíveis, para aumentar a densidade de habilidades em times internos. Não é só contratar freelancer para um projeto específico, mas construir uma operação fluida, onde diferentes modelos de contratação e colaboração convivem e se complementam.
Esse modelo rompe as barreiras tradicionais de RH e coloca a autonomia sobre talentos em um patamar muito mais estratégico. Como abordo bastante no nosso conteúdo sobre talentos, as empresas deixam de depender somente da contratação CLT tradicional e passam a “plugar” soluções sob demanda.
Por que empresas de tecnologia buscam open talent?
Trabalhando com organizações inovadoras, percebo pelo menos quatro motivos principais:
- Projetos acelerados, muitas vezes com escopos variáveis.
- Escassez de especialistas em skills novas (dados, IA, cloud, segurança, etc.).
- Pressão por mais flexibilidade financeira nos custos de pessoal.
- Vontade de manter equipes enxutas e altamente competentes.
E, claro, há uma pressão para sempre inovar. Times modulares, com expertise sob medida, reagem melhor a mudanças do mercado e trazem conhecimento fresco de fora para dentro.
Os 6 principais modelos de open talent no universo tech
Contando o que já vivenciei (e alguns aprendizados práticos do dia a dia), esses são os modelos mais acionados quando ajudo clientes – de startups a multinacionais:
1. Freelancers por demanda
O mais popular. Contrata-se talento para entregar uma demanda bem delimitada, quase sempre com skills super específicas. É ideal para projetos pontuais: UX, design, desenvolvimento de features, revisão de código, testes. O segredo aqui, na minha opinião, é clareza de escopo. Se você não delimita bem o entregável, pode acabar frustrado ou gastando mais do que esperava.
2. Times remotos (squads de open talent)
Fica um pouco mais sofisticado quando a empresa monta squads temporários inteiros, todos em modelo open talent. Costumo ver isso em startups que precisam acelerar um produto, validar MVPs ou testar abordagens sem impactar a estrutura fixa. Esses squads são como “startups dentro da empresa”.
3. Contratação pontual de especialistas (fractional executive)
Esse, inclusive, conecta muito com o serviço de Fractional Executive que oferecemos na Valora Lab. O cliente contrata um(a) líder sênior (CHRO, CTO, CMO etc.), part-time, para resolver um desafio específico: estruturar uma área, construir cultura, programar a expansão de talentos ou apoiar aceleração de growth. O diferencial é trazer visão estratégica sem todo o custo (e burocracia) da contratação integral.
4. Talent pools (bancos de talentos flexíveis)
Empresas criam pools de profissionais disponíveis para serem acionados conforme surgem demandas. Às vezes são ex-funcionários (boomerang hires), outros freelancers já mapeados, profissionais recomendados por colaboradores ou talentos de comunidades específicas. Ajuda muito na rapidez da contratação e reduz a curva de adaptação.
5. Tech contractors (terceirização especializada em TI)
Quando o desafio é escala recorrente – como equipes de sustentação, suporte técnico ou manutenção evolutiva –, faz sentido manter contratos com empresas especializadas que alocam profissionais, geralmente por horas ou projetos inteiros. O risco de compliance é maior, por isso processos claros de integração e cultura importam bastante.
6. Plataformas de open talent & comunidades digitais
O sexto modelo é recente, mas está ganhando força. Plataformas que conectam projetos a talentos digitais, facilitando negociação, pagamentos e avaliações. Também vejo comunidades técnicas, fóruns e grupos de especialistas criando ecossistemas próprios de inteligência.
Como implementar open talent de forma responsável?
Eu costumo dizer que open talent não é “tudo vale”. Pelo contrário. É preciso muita disciplina em:
- Alinhar expectativas e objetivos de cada entrega, detalhando escopo.
- Estabelecer processos e compliance claros para contratos, pagamento e proteção de IP.
- Garantir fit cultural entre talentos internos e open talents, promovendo integração real.
- Equilibrar inovação trazida de fora com desenvolvimento do time interno.
No artigo sobre estratégias de sucesso para a adoção do open talent, há pontos importantes sobre definição de papéis, políticas transparentes e gestão de performance.
Na prática, quando ajudo clientes a estruturar esse processo, vejo que o sucesso está mais na construção de uma cultura aberta a “gente de fora” do que só nas ferramentas ou contratos em si.
Open talent é poder somar sem perder identidade.
Os riscos e armadilhas que quase ninguém fala
Nada é milagroso. Já vi empresas se perderem ao tentar misturar open talent com time fixo sem um mínimo de integração. Falta de alinhamento, ruído na comunicação e sensação de exclusão no time são ruins para todos. Outro ponto delicado é a proteção de dados sensíveis: o onboarding de open talents precisa ser seguro e transparente.
Em vez de fechar os olhos para isso, meu conselho é: impulsione a diversidade, mas invista em cultura de pertencimento. Equipes devem colaborar, e a liderança precisa estar sempre atenta ao clima e ao engajamento.
Como medir o resultado?
Baseio minhas análises (e decisões junto aos clientes da Valora Lab) em perguntas simples:
- O projeto foi entregue no prazo e na qualidade esperada?
- Houve ganho em “talent density” ou skills críticas?
- Quais custos foram evitados frente ao modelo tradicional?
- O clima da equipe se manteve saudável?
Essas respostas são fundamentais para ajustar a estratégia e decidir se o modelo open talent deve ser ampliado, mantido ou repensado.
Um novo RH: do controle ao ecossistema
Quando vejo grandes techs mudando sua política de contratação, entendo que não há um único caminho. Mas fica clara uma tendência: o RH passa de controlador para arquiteto de ecossistemas de talento. A busca por open talent, especialmente com o apoio de soluções integradas em inteligência artificial, transforma o RH num hub de decisões ágeis, onde dados e cultura caminham juntos.
Se quiser se aprofundar em como estruturar áreas e projetos usando fractional executives, indico nosso artigo sobre CHRO as a Service em startups de tecnologia.
Além disso, vale conferir conteúdos sobre cultura organizacional e estratégia no nosso blog, que ajudam a dar o próximo passo.
No futuro do trabalho, talentos vêm de todos os lugares.
Conclusão
Adotar modelos de open talent abre portas, quebra zonas de conforto e cria times muito mais preparados para o que (ainda) está por vir. Na Valora Lab, construímos soluções que unem tecnologia, diversidade e cultura sob medida para quem não aceita o óbvio. Se a sua empresa quer crescer sem perder seu DNA e aumentar a densidade de talento, te convido a conhecer melhor nossa abordagem ou fazer uma busca focada por temas como open talent, fractional e cultura diretamente em nosso canal de busca.
Pessoas em ação. Valor em cada decisão.
Perguntas frequentes sobre open talent
O que é open talent?
Open talent é um modelo em que empresas acessam profissionais de fora, como freelancers, consultores ou equipes terceirizadas, para resolver demandas específicas, ampliar habilidades disponíveis e acelerar projetos de forma flexível. O conceito valoriza integração entre talentos internos e externos.
Quais são os modelos de open talent?
Os principais modelos são: freelancers por demanda, squads remotos, contratação de especialistas (fractional), bancos flexíveis de talentos, terceirização especializada (contractors) e plataformas ou comunidades digitais de profissionais. Cada um atende necessidades diferentes de escopo, agilidade e nível de integração.
Como contratar profissionais via open talent?
Defina claramente a demanda, busque profissionais em comunidades ou plataformas recomendadas, alinhe expectativas, estabeleça contratos transparentes e invista em onboarding. O segredo está no ajuste entre velocidade e qualidade.
Vale a pena adotar open talent?
Na minha experiência, vale muito a pena se sua empresa busca flexibilidade, agilidade e acesso a novas competências. Mas requer maturidade cultural e processos robustos para garantir bons resultados e integração entre todos os envolvidos.
Onde encontrar talentos de tecnologia open talent?
Você pode encontrar talentos em plataformas digitais, comunidades técnicas, indicações de colaboradores, eventos de tecnologia e bancos de talentos já mapeados. Avalie referências, portfólio e, de preferência, promova projetos pilotos para validar o fit.
