Nos últimos anos, eu acompanhei de perto a entrada do open talent em discursos de RH no Brasil. O conceito é bonito: acesso a competências diversas, flexibilidade e adaptação ao ritmo imprevisível do mercado. Mas entre teoria e prática existe um abismo chamado cultura organizacional.
Muitas empresas me procuram curiosas, acreditando que o open talent pode ser a “salvação da lavoura”. No entanto, depois de fazer diagnósticos, vejo que o maior bloqueio quase nunca está nas ferramentas ou na contratação de profissionais externos, mas sim na cultura da empresa. É ela quem determina se o modelo vai prosperar ou virar apenas mais um projeto que ficou pela metade.
Se você lidera ou faz parte de uma organização e quer avaliar se sua cultura está preparada para o open talent, preste atenção nos sinais a seguir. Foram eles que, na minha experiência com consultorias como a ValoraLab, mostraram ser determinantes para avançar ou travar na adoção desse modelo.
Sinal 1: A cultura valoriza controle excessivo
No ambiente onde a ideia de open talent não prospera, o controle reina absoluto. Líderes querem saber minuto a minuto o que todos estão fazendo, ainda mais no caso de profissionais externos ou autônomos. Já presenciei empresas apostando em microgerenciamento como resposta ao medo do desconhecido.
Quando a confiança é substituída por fiscalização constante, não existe espaço para autonomia – nem para colaboração verdadeira. Estudos, como uma pesquisa publicada na Redalyc que explora as relações entre cultura e aprendizagem organizacional, mostram que culturas focadas em aprendizado aberto e autogerido favorecem a adaptação e absorção de novos talentos temporários.
Como aprendi na prática, organizações que querem adotar open talent, mas se agarram ao controle tradicional, acabam por minar os benefícios deste modelo e afastar profissionais de alto desempenho, que buscam liberdade para entregar resultados.
Sinal 2: Resistência a mudanças e ao aprendizado contínuo
Já ouvi frases assim: “Aqui sempre foi assim”, “Não precisamos disso, damos conta com o que temos”. Essa é a trilha sonora da resistência à mudança. Empresas presas ao modelo antigo de treinamento ou evolução em linha reta dificilmente conseguirão integrar profissionais por demanda ou especialistas externos.
A Revista F&T destaca o desenvolvimento de talentos além do treinamento tradicional, mostrando que o crescimento real acontece quando o aprendizado é contínuo e conectado ao negócio, não preso a uma caixinha de recursos humanos.
Organizações que aprendem rápido, mudam rápido – e sobrevivem melhor.
O open talent só floresce em culturas em que líderes incentivam inovação e aprendizado, criando um ambiente onde errar é permitido e novas ideias realmente têm vez.
Sinal 3: Falta de clareza sobre propósito e objetivos
Em reuniões, costumo perguntar aos times: “Qual é o propósito desta empresa? Como cada projeto contribui para ele?”. O silêncio desconfortável é resposta frequente. E acredite, isso é sintoma grave. Quando não existe clareza de objetivos, acaba predominando aquele ambiente reativo, onde o urgente atropela o importante, e qualquer profissional externo chega perdido, sem saber como agregar valor.
O open talent depende de objetivos claros e alinhados, pois só assim profissionais externos conseguem direcionar seus esforços para o que realmente importa. Em casos que vi, profissionais excelentes foram contratados, mas acabaram subutilizados por falta de briefing, objetivos imprecisos ou desencontro entre as áreas.
Organizações que investem em esclarecer propósitos e metas colhem muito mais valor – inclusive de talentos vindos de fora, mesmo que sejam temporários.
Sinal 4: Predomínio de hierarquia rígida e baixa abertura ao diferente
Se toda inovação precisa passar por mil aprovações, se o “alto escalão” está distante da operação ou se feedbacks são tratados como afronta, temos um problema. O open talent depende de diálogo horizontal. A troca entre pessoas de dentro e fora da empresa deve ser rápida, franca e sem burocracias desnecessárias.
Estudos como a análise na Redalyc sobre a cultura organizacional em instituições privadas mostram que valores, crenças e práticas compartilhadas, quando alinhadas, criam o terreno propício para inovação aberta.
O novo só entra onde as portas estão realmente abertas.
Durante minha atuação em consultorias como a Valora Lab, vi que culturas flexíveis valorizam inputs diversos e constroem soluções melhores – resultado direto de uma liderança acessível.
Sinal 5: Reconhecimento focado apenas em cargos internos
Por fim, se o reconhecimento é algo reservado só para quem “tem crachá”, esqueça. Profissionais open talent precisam sentir que seu trabalho faz diferença e é reconhecido como parte do time, mesmo que não sejam contratados formais.
Ambientes onde o mérito está atrelado ao tempo de casa perdem o brilho do open talent, pois desmotivam quem traz habilidades de fora. A gestão de talentos alinhada à cultura organizacional, como ressalta uma análise específica da Redalyc sobre segmentação de talentos, é decisiva para valorizar diferentes contribuições.
Já participei de projetos em que a falta de reconhecimento fez talentos brilhantes saírem insatisfeitos antes do tempo, trazendo prejuízo para ambos os lados.
O que fazer diante desses sinais?
Se, ao ler esses sinais, você identificou sua empresa em mais de um ponto, não se assuste. Essa constatação é o primeiro passo para a mudança. Já vi muitas empresas se transformarem com pequenas atitudes de líderes alinhados ao futuro do trabalho – e esse futuro é colaborativo, adaptável e humano. Aqui, na Valora Lab, defendemos que, antes de qualquer movimento ousado, é preciso diagnosticar e fortalecer a base cultural. Só então o open talent deixa de ser jargão e vira vantagem concreta.
Culturas vivas adaptam-se. Ajustam processos, testam novos formatos de trabalho, abraçam o talento onde quer que ele esteja. O segredo não está em fórmulas prontas, mas em construir um ambiente onde a diferença seja celebrada e o resultado, coletivo.
O futuro do trabalho já chegou. Você está pronto para ele? Se quiser repensar sua cultura, entre em contato e conheça como a Valora Lab mistura inteligência artificial e sofisticação humana para criar soluções sob medida para empresas que querem se destacar. Não oferecemos atalhos, mas sim caminhos sustentáveis e conectados ao seu propósito.
Perguntas frequentes sobre open talent e cultura organizacional
O que é open talent?
Open talent é um modelo no qual empresas acessam competências diversas fora dos seus quadros tradicionais, trabalhando com freelancers, consultores, especialistas por demanda ou times temporários. Ele valoriza flexibilidade, aprendizado contínuo e resultados, não apenas presença física ou cargos fixos.
Quais os sinais de resistência ao open talent?
Os principais sinais são excesso de controle, aversão a mudanças, falta de clareza de objetivos, hierarquia rígida e reconhecimento restrito apenas aos colaboradores internos. Esses pontos dificultam a integração e o engajamento de talentos externos.
Como preparar a cultura para open talent?
Na minha experiência, transformar a cultura passa por estimular o aprendizado contínuo, abrir espaço genuíno para diversidade de experiências, investir em clareza de objetivos e reconhecer resultados, independentemente do vínculo formal. Estudos como a pesquisa sobre cultura organizacional e desempenho operacional confirmam que a mudança precisa ser integrada ao dia a dia, apoiada por líderes e sustentada por práticas claras.
Open talent vale a pena para minha empresa?
Se você precisa de agilidade, novas ideias e competências atualizadas, vale sim. Mas só funciona se a empresa estiver aberta e pronta para integrar esses profissionais de forma estruturada e respeitosa. Caso contrário, tende a gerar ruído ou frustrações dos dois lados.
Quais os benefícios do open talent?
Flexibilidade, acesso a conhecimento de ponta, adaptação rápida ao mercado e possibilidade de criar times dinâmicos são alguns dos principais benefícios. Além disso, empresas que abraçam o open talent costumam inovar mais rápido e atrair talentos que não se encaixam no modelo tradicional.
